quinta-feira, 1 de julho de 2010

Capitalismo - Uma História de Amor

    Acabo de assistir a um filme ótimo. Não desses que contam contos de fadas, ou de ação estonteante, ou efeitos especiais deslumbrantes, ou histórias lindas com finais felizes. 
    Não. 
    A beleza desse filme está na verdade que ele desvenda. Está nos absurdos que aconteceram recentemente no mundo todo e passam despercebidos devido à maquiagem aplicada por aqueles que tem poder em manipular as informações.
    O filme é "Capitalismo - Uma História de Amor" de Michael Moore (www.michaelmoore.com). É mais um documentário desse fabuloso cinegrafista e ativista, que se esforça ao máximo para obter de uma forma clara e objetiva a verdade.
    Nesse filme, ele aborda temas que mostram o que a ganância excessiva por trás do capitalismo causou à diversas famílias americanas e, por sua vez, à população mundial. Desde empréstimos com juros tão altos que levaram a população à falência, como re-financiamentos de casas que levaram milhões de pessoas a perderem seus lares e se tornarem sem-teto.
    Ganância desenfreada essa que levou empresas de grande porte como Amegy Bank, Bank of America, Citibank, Winn Dixie, Wal Mart, Procter & Gamble, McDonnel Douglas, Nestle, Hershey's, AT&T, American Express entre outras, a contratar seguros de vida para seus funcionários se colocando como beneficiários destes seguros, sem que estes soubessem. Ou seja, se você fosse contratado por uma destas empresas, sem que você soubesse eles pagariam uma apólice de seguro de vida (para uma funcionária do Wall Mart US$80 mil, para um funcionário do Amegy Bank, US$1,5 milhão) que, caso você falecesse, quem receberia o dinheiro do seguro, seria a própria empresa!
    Nesse documentário também é apresentada de forma clara a farra que foi a tão anunciada e temerosa crise financeira. Mais de US$700.000.000,00 (isso mesmo, setecentos bilhões de dólares!!!) foram dados aos bancos, que faliram justamente por má administração, sem que estes precisassem dar qualquer explicação de como seria gasto este dinheiro. O governo fechou os olhos e assinou o cheque, temendo que o país, o mundo todo (o mundo todo só não, e a Bahia!) fossem engolidos pela tão temida recessão.
    Mas o que se viu não foi a boa aplicação do dinheiro, mas gastos exorbitantes destes bancos com luxos para os diretores, pagamentos de bônus bilionários para executivos, incentivos de milhões para lobistas, enquanto a população necessitada de capital via seus pedidos de empréstimos negados e as taxas de juros dos que já possuiam subindo exponencialmente.
    Quando disso nós não vivenciamos aqui, em nosso país? Quantos aqui não têm de recorrer a bancos para pedir empréstimos cada vez maiores, com juros que não podemos pagar, nos envolvendo em bolas de neve cada vez maiores? Quantos de nós não se perdem no constante apelo sedutor trazido a todo momento: compre! Compre!! Compre!!! Mesmo que pra isso você tenha que dever por anos e anos, ficando com algo que vai valer muito pouco e você vai ter pago duas vezes o valor da etiqueta!!!
    É hora de começarmos a aprender com os enganos do passado. É hora de começarmos a olhar para o futuro como um lugar comum a todos nós. Um lugar onde todos poderão ter ao menos o necessário para se ter uma vida sem privações, com lares adequados, com uma educação decente, com pessoas cada vez melhores para esse porvir tão magnífico que surge no horizonte. Um futuro mantido pela tecnologia sustentando a inteligência e o bem estar do homem, curando doenças, proporcionando qualidade real de vida não há alguns privilegiados, mas a todos. Não há de faltar para ninguém!
    Mas sozinhos não conseguiremos. É necessária a união e instrução. Buscar o alimento que sacie a sede de conhecimento e a fome de saber. É preciso ir até a fonte para que a compreensão e a consciência de quem somos, de como devemos agir, quais ferramentas temos à disposição e qual é de melhor utilidade para cada situação.
    Recentemente foi divulgado o poder que a internet, através do Twitter, tem. Milhões de pessoas se uniram com o objetivo de mostrar sua real vontade, dando uma perspectiva diferente para um meio de comunicação de uma via só, que é a televisão. Graças à manifestação destes milhões, aqueles que ficam isolados em suas salas de edição, falando o que lhes apetece, sentindo-se satisfeitos com os tapinhas nas costas e os elogios vazios que eles mesmo se dão, sentiram um gosto amargo ao ver o quão desagradáveis são na verdade. Puderam olhar num espelho que dizia uma resposta muito diferente à sua egocêntrica pergunta: "Espelho, espelho meu, existe comentário mais importante que o meu?". E a resposta foi sim! Sim, sim, milhões de vezes sim!
    O quão maravilhoso será quando estes milhões de vozes, que são as vozes dos cidadãos desse nosso Brasil, se voltarem para o que realmente importa: as ações dos políticos! Mostrando a eles o mesmo espelho que foi mostrado no exemplo acima. As decisões que são tomadas nas casas de legislação e que são de interesse de cada um de nós! Solicitando, sugerindo, exigindo cada coisa que temos direito. Falando para todos aqueles que podem ouvir e por todos aqueles que não podem falar! Movimentando as massas para que circulem através de todos os meios possíveis, marchando à pé ou pela internet, diante dos políticos e lhes dizendo: "Nós somos o povo. Nós somos os pais e as mães, os filhos e filhas! Somos o policial e a dona de casa, o soldado e a enfermeira, o professor e o pedreiro, somos o médico e o taxista. Somos a alma desta grande nação chamada Brasil. Nós somos a sua voz! Falem o que queremos. Façam o que precisamos que seja feito!"
    À todos eu recomendo que assistam esse filme. E a todos, faço o convite que Michael Moore deixa no final do filme: FAÇA ALGO!


Paulo Bomfim