sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A bela cafeteira




Há uma cena muito curiosa no filme “O resgate do soldado Ryan” que me veio à mente hoje. A equipe do sargento interpretado por Tom Hanks chega a um local de descanço. Enquanto os homens descansam, Tom Hanks conversa com outro soldado e, em meio às ruinas que se encontravam, ele descobre uma bela cafeteira.

Cheia de aparatos, adornada, com alças bem feitas e um brilho reluzente indicando ser fina e valiosa, ela chama a atenção de Tom Hanks, mas não por estes atributos, mas pela possibilidade de ali dentro, haver o que ela deveria conter na essência: café.

Com esse pensamento, Tom Hanks segue revirando-a, apertando isto e aquilo, levantando tampas, cheirando orifícios, se se ater ao cuidado que deveria ter com aquela peça, vasculhando seu corpo, mas em busca de sua alma. Depois de algum tempo, ele percebe que é inútil e, por mais bela que seja, ele a abandona, frustrado, insatisfeito.

Esta bela cafeteira me lembrou as diversas coisas que há na vida, cheias de beleza e promessas de entrega, sem que tenham conteúdo, sem que tenham alma e sem que possam entregar nada. Coisas que nos desviam dos caminhos que escolhemos pra nós mesmos, que nos afastam dos nossos objetivos pra nos encher de angústia e tomar nosso tempo.

E tantas são essas coisas... tantas! O celular, o carro que se quer comprar, a mulher ou homem que se deseja conquistar, as longas conversas infrutíferas, finais de semana inteiros gastos à frente da televisão ou dormindo, o cigarro, as bebidas alcoólicas, as drogas... enfim, tudo aquilo que possamos usar para nos tirar a atenção, nos tirar o foco.

Quais são as belas cafeteiras que estão nas nossas vidas? Enormes, belas, entusiasmantes, que são totalmente vazias? Somos capazes de ouvir nossas vozes relatando numa segunda feira para os colegas como foi o final de semana e perceber se houve algo realmente construtivo em nossas vidas? Algo que não tocou só nossos sentidos, mas nossa alma, nosso ser! Que foi proveitoso para nós mesmos e para aqueles que quisemos ou não beneficiar?

Hoje conversava no trabalho com um amigo sobre a depressão. Ele me diz que todos nós sofremos de depressão e que, em alguns casos, ela é mais forte, mais grave, causa danos maiores. Eu penso na depressão como as trevas. E o que são as trevas? As trevas são a ausência da luz. Nós somos a luz do mundo. Nós somos deuses, já disse o mestre. E aquele que acende uma luz é o primeiro a se iluminar.

Talvez o tratamento para depressão, como para a ociosidade, seja o mesmo que para tantos outros: amor. Amor por nós mesmos, amor pelos que nos cercam, pelos que nos querem bem e pelos que nos repudiam. Amor é o café que sacia mais que a beleza da cafeteira, é a luz que apaga qualquer escuridão. Amor é o movimento que nos leva a buscar o que é melhor para nós e para aqueles que nos cercam. Amor é a chave da salvação do mundo.

Busquemos em nós este amor. Vamos nos dar este amor, nos olhando com olhos de quem procura o bem e o enxergaremos na nossa alma. Vamos decidir as coisas não pelo seu preço ou forma, mas pelo bem que trará a nós e aos demais, sem prejudicar ninguém. E quando estivermos cheios de amor, seremos belos pela essência, e a aparência seguirá!

É hora de focar nos objetivos, na nossa vida, nas melhorias que temos que levar à nós mesmos e ao jeito que convivemos com os demais. É hora de deixar nossas ocupações vazias de tempo integral e relega-las ao que elas são: passatempos, não nossa vida.

Como já disse André Luiz: “quando o trabalhador trabalha com alegria, o trabalho se torna a alegria do trabalhador”. Busquemos alegria e amor e, como Jesus dizia, “procurai e achareis, batei e abrir-se-vos-á!”.

Deus abençoe a todos,
Paulo Bomfim