terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Soluções simples para um mundo complicado



    Assistindo ao programa Roda Viva da TV Cultura dessa semana, fiquei impressionado com a discussão em torno do que deve ser feito pra controlar o efeito estufa.
    De tudo que foi falado, dois blocos do programa foram baseados no mau causado pelos gases emitidos pelas vaquinhas da nossa crescente e poderosa agropecuária. A equação do negócio era interessante: a quantidade de gás emitido por ano por cada animal (58 quilos ao ano), multiplicado pelo total de animais (mais de 2 milhões de cabeças de gado), dividido pelos equitares que cada animal ocupa (1 cabeça de gado por equitare)...
    Bom, como já deu pra notar, é uma conta insolúvel, dado a complexidade não algébrica, mas porque, como o entrevistado da noite disse, sempre vai haver descompensação com as emissões, por mais que se faça, porque a tendência da agropecuária é crescer. E que mal há nisso? O país se beneficia por ser o maior exportador de carne bovina do mundo, mais pessoas se alimentam, o mercado interno se beneficia com a qualidade da carne e com um preço mais acessível (perguntem a qualquer um que esteve na Europa, no Japão, quanto custa um bife no restaurante!).
    No meio de toda essa conversa complexa, me perguntei: não tem nada mais simples? Se é tão difícil lidar com esse problema, se ele é de proporções fora da capacidade de qualquer um de resolver, por que não se concentrar no que é simples de resolver?
    Mas o que é simples?
    Outro dia tomando banho (essas atividades que a gente faz e que são totalmente inspiradoras!), olhei pro lado e me deparei com dois potes vazios de shampoo e condicionador. Vi o quão grandes eles eram, o quão grosso era o plástico de que eles eram feitos e pensei: por que não criam uma embalagem retornável disso aqui? Quanto se gasta pra fazer uma embalagem dessas? Será que não é muito mais barato, ou pelo menos que seja o mesmo custo fazer embalagens retornáveis e reutilizáveis para alguns produtos?
    A Coca-Cola vende em alguns bairros a embalagem retornável. No bairro onde minha mãe mora custa R$2,00 uma Coca-Cola 2 litros se levar a garrafa. Ela já tem umas 4 ou 5 embalagens e economiza um bom dinheiro e ainda deixa de poluir por não jogar garrafas de plástico no lixo.
    Se outras empresas e produtos começassem a usar essa idéia, quanto lixo deixaria de ser produzido, quantos novos empregos seriam criados, quão mais baratos seria o resultado disso no bolso dos consumidores? O governo poderia criar incentivos fiscais para empresas que adotassem esse modelo ecologicamente correto. Enfim, só benefícios teríamos!
    Espalhem essa idéia, divulguem essa opção! Quem sabe chega aos ouvidos certos e uma ação simples é tomada em prol desse nosso mundo tão complicado!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O argueiro e a trave no olho


    Em Lucas 6:41, Jesus diz:
"E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?"
    Relendo isso em outras fontes, fui chamado a observar algo que não tinha reparado nas muitas vezes que li esta passagem. Um detalhe importante, que mais que nos levar à ação, deveria nos levar à reflexão. Está bem ali, no final da frase, logo após a última palavra. Isso mesmo: o ponto de interrogação!
    Sempre que lia este versículo logo concluía que deveria me esforçar em parar de criticar o próximo e me atentar em melhorar minhas imperfeições. Sei que é essa a intenção do mestre, pois ele continua no versículo 42:
"Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão."
   Por que agimos assim? O que nos leva a criticar os menores defeitos no nosso próximo enquanto nem notamos as nossas maiores faltas? Por que nos achamos no direito de tentar consertar os menores problemas nas vidas de nossos semelhantes enquanto não temos capacidade de agir e corrigir a nós mesmos?
    Tão importante quanto tirar primeiro a trave do próprio olho está a compreensão da nossa atitude, do nosso comportamento. Jesus nos chama ao auto-descobrimento, fazendo com que olhemos no nosso interior para compreender a origem das nossas atitudes.
    E o que nos levaria a isso então, a cair nesse engodo das nossas próprias tendências, senão o orgulho, esse sentimento que nos acompanha a todos! A necessidade constante que nosso ego tem em ser melhor que os outros.
    Mas somos mesmo? Ou melhor: por que precisamos ser? Será que não seríamos mais felizes se aceitássemos as falhas daqueles que fazem parte da nossa vida, cotidiana ou esporadicamente, ou se não tomássemos como um insulto pessoal o equívoco alheio?
    Não julgar nosso próximo, ser piedoso e indulgente como gostamos que sejam conosco, e principalmente procurar em nosso íntimo, de maneira pacata e amorosa, por que continuamos a agir de certas formas que só nos fazem sofrer. E quando descobrirmos, começar a mudança, com paciência e constância.