quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O argueiro e a trave no olho


    Em Lucas 6:41, Jesus diz:
"E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?"
    Relendo isso em outras fontes, fui chamado a observar algo que não tinha reparado nas muitas vezes que li esta passagem. Um detalhe importante, que mais que nos levar à ação, deveria nos levar à reflexão. Está bem ali, no final da frase, logo após a última palavra. Isso mesmo: o ponto de interrogação!
    Sempre que lia este versículo logo concluía que deveria me esforçar em parar de criticar o próximo e me atentar em melhorar minhas imperfeições. Sei que é essa a intenção do mestre, pois ele continua no versículo 42:
"Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão."
   Por que agimos assim? O que nos leva a criticar os menores defeitos no nosso próximo enquanto nem notamos as nossas maiores faltas? Por que nos achamos no direito de tentar consertar os menores problemas nas vidas de nossos semelhantes enquanto não temos capacidade de agir e corrigir a nós mesmos?
    Tão importante quanto tirar primeiro a trave do próprio olho está a compreensão da nossa atitude, do nosso comportamento. Jesus nos chama ao auto-descobrimento, fazendo com que olhemos no nosso interior para compreender a origem das nossas atitudes.
    E o que nos levaria a isso então, a cair nesse engodo das nossas próprias tendências, senão o orgulho, esse sentimento que nos acompanha a todos! A necessidade constante que nosso ego tem em ser melhor que os outros.
    Mas somos mesmo? Ou melhor: por que precisamos ser? Será que não seríamos mais felizes se aceitássemos as falhas daqueles que fazem parte da nossa vida, cotidiana ou esporadicamente, ou se não tomássemos como um insulto pessoal o equívoco alheio?
    Não julgar nosso próximo, ser piedoso e indulgente como gostamos que sejam conosco, e principalmente procurar em nosso íntimo, de maneira pacata e amorosa, por que continuamos a agir de certas formas que só nos fazem sofrer. E quando descobrirmos, começar a mudança, com paciência e constância.

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